Ruídos no silêncio: fantasmas na Literatura

Ruídos no Silêncio: 

- Fantasmas na Literatura -

Fantasmas habitam a literatura há muito tempo e nas mais diversas formas:

Não importa o quão valente sejamos, fantasmas sempre nos assustam, seja numa rua escura à noite, ou então nas páginas dos livros. Mas da mesma forma que estas criaturas sobrenaturais nos causam arrepios, seus mistérios nos envolvem, e é isso que torna os fantasmas, personagens tão estimados no mundo dos livros. 

O que é um fantasma? Essencialmente, é o espírito de um ser vivo que transcende os limites da morte. Existem muitos tipos de fantasmas: os da imaginação, os dos sonhos, os da literatura e os do passado ou do futuro. 

O famoso escritor Barry Hannah costumava dizer que todas as histórias são histórias de fantasmas: algo encanta as páginas de uma história e força o leitor a virar as páginas para descobrir do que se trata. O fascínio de escritores e leitores por fantasmas tem precedentes históricos importantes. Sejam usados ​​como geradores de uma atmosfera de medo, como uma metáfora ou como uma simples alegoria do passado perdido, os fantasmas são uma parte importante do cânone literário. 
Rejeitados pela doutrina cristã como criaturas do sobrenatural que habitam a nossa realidade ameaçando a existência dos vivos, os fantasmas retornaram ao lugar primordial dos seres fantásticos: a imaginação humana. 

Desde a Antiguidade, as narrativas dos encontros entre os vivos e os espíritos dos mortos que deram origem aos contos de fantasmas se alicerçaram em um conjunto de objetos. 

A trajetória do conto de fantasma até a segunda década do século vinte não poderia começar senão pelas histórias do mais representativo escritor do período:

Montague Rhodes James (1862-1936)

O fantasma tomou sua forma popular como uma inequívoca manifestação, na maioria das vezes maligna do Além, imagem que permanece até hoje graças a M. R. James, como era popularmente conhecido. Em uma época marcada pela dissolução das crenças e valores, o fantasma de James se coloca paradoxalmente como um sólido símbolo de outro tempo marcado por claras divisões entre o bem e o mal. 

Antecipando o uso de objetos e lugares do cotidiano, que se tornou marca registrada do mestre norte americano do horror moderno Stephen King, M. R. James situou suas narrativas em lugares comuns – estações de trem, jardins, bibliotecas e casas de campo – construindo suas tramas com detalhes minuciosos e a presença da tradição oral medieval, fonte aliás de onde ele retirou a maior parte de suas histórias sobrenaturais. 

Contos como “Corações Partidos” (“Lost Hearts”) e “Toque o apito e virei ao seu encontro, rapaz” (“Oh, Whistle, and I’ll Come to You, My Lad”), publicados originalmente em Ghost Stories of an Antiquary, chamaram a atenção da crítica literária e do público leitor para a excelência de James. Os numerosos contos de fantasmas escritos ou editados por M. R. James em suas coletâneas evidenciou a enorme produção literária do gênero nos anos de virada do século XIX para o XX. Quase todos os escritores do período vitoriano e eduardiano, principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos se aventuraram pelos domínios deste ser sobrenatural, contribuindo em maior ou menor grau para o estabelecimento, renovação, releitura ou desgaste de suas convenções e estratégias narrativas até ser levado a outros domínios para assombrar: o cinema. Mas isso já é outra história.

Lista de alguns estimados Fantasmas dos Livros:

• Erik, o Fantasma da Ópera
• Brás Cubas
• Fantasma do Natal
• Murta que Geme
• O Cavaleiro Sem Cabeça
• Excomungado Lodo
• Sir Simon
• Vadinho
• Pai de Hamlet ("Hamlet" de William Shakespeare)
• Jessel e Quint ("Outra reviravolta" de Henry James)
• A Dama de Preto ("A Dama de Preto", de Susan Hill).
• Os Espíritos da Casa ("Haunted House", de Shirley Jackson
• O espírito da mansão ("O Castelo de Otranto", de Horace Walpole) .
• A aparição do Sr. Reed ("Jane Eyre", de Charlotte Brontë).
• Lasher ("As Vidas das Bruxas Mayfair", de Anne Rice).

Esses eram apenas alguns dos fantasmas escondidos nas páginas dos livros. Espero que você seja encorajado a ler e conhecer alguns deles.


Comentários

  1. Acho contos fascinantes, pois nos levam para um mundo imaginário incrível, onde às vezes nos perdemos e outras nos achamos, parabéns pelo trabalho e por proporcionar esses momentos incríveis, bjs.

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  2. Parabéns pelo ótimo texto, instigante e inteligente.

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  3. 👏🏼👏🏼 muito bom texto... parabéns 🙌🏻🙏🏻

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  4. Parabéns, vou compartilhar com amigos.

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