Representar é (re)existir

Representar é (re)existir

Eduardo Tadeu

Atualmente, muito se fala sobre representatividade. Seja nos livros, em séries de TV, no cinema ou na música, a representatividade vem conquistado seu espaço que, (ainda) muito pequeno, merece nossa atenção. 

A questão é que, a representatividade é um tópico muito discutido, mas muito pouco compreendido. Entende-se que quando um indivíduo lê um livro, ou olha para a tela da televisão, e enxerga um personagem como ele, ele está sendo representado. 

Esse conceito não está errado. De fato, representatividade é exatamente isso. Recriar a vivência de um grupo através da arte e assim, abordar a história, aspectos e singularidades de tal vivência. 

Mas a representatividade se resume apenas a isso? Apenas representar? 

A importância da representatividade encontra-se nas minorias. LGBTQIA+, pessoas negras, pessoas gordas, indígenas, etc. Resumidamente, pessoas fora do padrão cis hétero branco magro. 

Para essas pessoas, a representatividade vai além de apenas olhar para um personagem e se identificar com ele. Para essas minorias, a representatividade tem a ver com validação. Validação de individualidade, de existência. 

Eu, pessoalmente falando, sou um garoto gay. 

Quando eu abro um livro e vejo que o protagonista é um garoto gay, eu não me sinto apenas representado.
Eu me sinto válido. Sinto que a minha existência importa e que eu mereço um espaço na história assim como qualquer outro personagem.
Todo indivíduo merece ser ouvido, lido e valorizado. Toda vivência é significativa, importante e merece seu espaço, sendo ele na vida real ou na ficção. 

Claro que, essa representação deve ser feita com sensibilidade. Quando um autor, roteirista ou diretor, decide abordar uma vivência que não é dele, é intrínseca a empatia, além de uma pesquisa bem aprofundada sobre as individualidades particulares da minoria abordada. 

Além de claro, a inclusão de pessoas pertencentes ao grupo que será abordado. Representar não é apenar criar. É incluir. 

Na teoria, a representatividade é uma proposta perfeita. Incluir tramas singulares em uma história e criar um elenco diverso de personagens únicos. Entretanto, estereótipos devem ser evitados, bem como é necessária a inclusão de pessoas pertencentes a minoria escolhida para a representação. 

E deixem-me dizer algo a vocês: a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade

Essa é uma citação do discurso da atriz Viola Davis, ao receber um Emmy Awards em 2015. 

Sem oferecer oportunidades de inclusão, a representatividade não importa. 

Se você trabalha com qualquer meio artístico, traga diversidade para as suas obras. Represente, da maneira certa, inclua minorias, abrace vivências diversas. 

Se você, assim como eu, apoia a representatividade. Divulgue. 

Leia livros com protagonismos diversos. Apoie autores pertencentes a minorias. Assista filmes com personagens pertencentes a minorias. Consuma todo o tipo de arte que represente. 

Representar é (re)existir, então não silencie nenhuma existência.

Comentários

  1. Adorei e sim, eu me.importo com todos! Quando eu escrevo um conto eu prefiro que uma pessoa envolvida naquela realidade me dê suas críticas e me aponte como posso enxergar seu mundo, seu espectro, sua profissão, orientação...Eu odeio errar neste aspecto. Quero que meus leitores amem meus personagens e sintam-se representados, seja no Brasil ou na Mongólia.

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