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A culpa é minha?

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Vanessa Nunes Esta história foi escrita para chocar. Ela fala sobre estupro e coerção sexual. Se você conhece alguém que necessita de auxílio em relação ao tema, ajude. Muitas vezes o abuso é sofrido, porém nem sempre a pessoa tem consciência que o sofre. Denuncie! Começou a tirar a minha blusa e meu short com força e de maneira grosseira E, mesmo dizendo muitas vezes que não, ele continuou. Me bateu, falando palavras brutas e xingando, puxou meu cabelo, enquanto eu pedia, por favor, que ele parasse. Chorei, gritei e mesmo assim ele não parou. Quando finalmente terminou, me deu um selinho e disse que me amava, virou para o outro lado e em alguns momentos depois estava roncando como se nada tivesse acontecido. Levantei com muita dificuldade e fui para o banheiro. Quando fui me limpar, tinha sangue escorrendo pelas minhas pernas. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, não podia ser real. Aquela violência que ele acabara de cometer passara despercebida por e

Representar é (re)existir

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Representar é (re)existir Eduardo Tadeu Atualmente, muito se fala sobre representatividade. Seja nos livros, em séries de TV, no cinema ou na música, a representatividade vem conquistado seu espaço que, (ainda) muito pequeno, merece nossa atenção.  A questão é que, a representatividade é um tópico muito discutido, mas muito pouco compreendido. Entende-se que quando um indivíduo lê um livro, ou olha para a tela da televisão, e enxerga um personagem como ele, ele está sendo representado.  Esse conceito não está errado. De fato, representatividade é exatamente isso. Recriar a vivência de um grupo através da arte e assim, abordar a história, aspectos e singularidades de tal vivência.  Mas a representatividade se resume apenas a isso? Apenas representar?  A importância da representatividade encontra-se nas minorias. LGBTQIA+, pessoas negras, pessoas gordas, indígenas, etc. Resumidamente, pessoas fora do padrão cis hétero branco magro.  Para essas pessoas, a repres

Pecados e Penitências

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Pecados e Penitências Marco Antônio Baptista Perdoe-me, Senhor, porque eu pequei. Permita-me esclarecer minhas motivações para que talvez consiga aliviar a sentença que me aguarda. Por mais que consideremos aqueles seres mundanos, os humanos, como meros fantoches em meio à complexidade do universo, eles têm trazido consigo grandes avanços para o seu planeta, mesmo que não sejam tão engenhosos quanto nós. Particularmente eu vi grande potencial naquelas criaturas, tanto que quando ousavam evocar nossos poderes, eu prontamente ia auxiliá-los com nossos ensinamentos. Preferi tentar moldar suas mentes basais de forma que preparassem o planeta para nossa chegada, e finalmente teríamos um lar digno para evoluirmos como a espécie nobre que somos. Porém quanto mais eu ensinava, mais eles queriam de mim. Primeiro, evocavam cânticos que não me representavam; chegaram a fazer sacrifícios de seus semelhantes, e acabaram gerando guerras em nome de deuses que nem se im

Um Conto de Primavera, Garbo Nael

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Um Conto de Primavera Garbo Nael Era inverno. Segunda metade. Naquele ano, em Penedo, as estações não estavam bem definidas. O calor ameno da primavera já se apresentava, polinizando as brisas vespertinas com seu doce sabor. O clima nos últimos anos desfigurara-se. O inverno despedira-se mais cedo e dias mais ensolarados faziam-se presentes. Era como o libertar precoce de Perséfone dos domínios de Hades presenteando a natureza com a sua alegria radiante pelo fim provisório do exílio no mundo subterrâneo. Já era possível perceber texturas, formas, cores e aromas primaveris dos mais diversos. Pela janela, contemplar a preciosa beleza do frondoso bou gainville roxo que, mesmo com três semanas de antecedência, já deitava sobre a grama macia do jardim suas graciosas folhas de cor lilás. Absorto em meio a pensamentos e recordações permitia-me colher as minudências do encontro ocorrido no último período da estação das flores. Não sentia o passar das horas. Era como se toda aquel

A Dama e o Casarão

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Lia Helena Giannechini Conto histórico romanceado, da cidade de Piracicaba, dando voz a uma personagem, Ermelinda Ottoni Queiroz que esteve muito presente na construção da história de Piracicaba. Ah! Minha amiga Anna Elisa [1] , não sei se você já sabe disso, mas, creio que deve ser domínio público, que fomos obrigados a casar com separação de bens e toda a nossa fortuna voltou-se para a família do meu querido Lulu. Nos anos que estivemos juntos, ele esqueceu-se de deixar escrito um testamento para que eu pudesse gerenciar nossos bens e nisso ele errou. Mas, ainda assim conservo nossos planos como meus e não descansarei enquanto a Escola de Agronomia não estiver pronta. Ela, por quem eu tanto fiz, ainda está nas mãos do governo, como projeto. E nossa construção na fazenda a moscas mortas, até agora. Depende hoje da Administração Nacional, que ela se torne realidade, um sonho que eu sempre tive junto ao meu Lulu.  Nossa vida era poder fazer a Escola se concretiza

ROUPAS (OU PEQUENAS COISAS DE MENINO)

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ROUPAS (OU PEQUENAS COISAS DE MENINO) Paulo Narley Arte de Rubens Barbosa (@designdeinterioresrb)    Eu lembro bem de como era mágico entrar escondido no quarto dos meus pais, abrir a porta do guarda-roupas branco (do mesmo branco-solidão que preenchia as paredes da casa) e encarar o carnaval colorido que se encontrava ali. As roupas de mamãe exerciam um poder no meu fascínio de criança. Flores, bordados, rendas, cores, enfim, havia muito pano para a minha imaginação. Sentia um acelerar de coração sempre que entrava ali. Mesmo com a casa vazia, era como se eu pudesse escutar a voz do meu pai repreendendo meus trejeitos que não eram masculinos o suficiente.     Lembro que passava alguns minutos encarando as peças, decidindo qual vestiria naquele dia. Não recordo bem qual era minha a idade à época, mas sei que era como um ritual. Ao escolher a peça, colocava-a em cima da cama, ia até o espelho e encarava meu corpo magro de menino. Despia-me, peça por peça, como que me li

Literatura erótica e seus pre conceitos

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Literatura erótica e seus pré-conceitos Amândia Rodrigues Não é comum quando, em um almoço de domingo, a única neta da família revela que escreve erótico. Por algum motivo cultural, decidimos que quem escrever erótico, necessariamente deve ser um devasso, e os olhares a espreita desses autores sempre serão aqueles de alguém que está segurando um chicote na mão pronto para amarrar o primeiro que vir na frente. Antes, a primeira referência de conto erótico vinha daqueles nas revistas masculinas, que eram mais relatos escritos de uma forma qualquer, mas era a referência nas mentes da grande maioria do público. Mesmo que ela já existisse, naqueles livros de romance quentes e envolventes, muitos não sabiam de sua existência, foi assim, até que um livro veio para mudar e se tornar a nova referência, entre amarras e BDSM. Surge “50 tons” odiado por muitos, aclamado por outros. Independente do que você pense sobre essa trilogia, o fato é que ele trouxe um destaque que há muito nã