A Dama de Honra Perfeita por Danny Tavares


Para essa estreia, ao qual escreverei alguns contos aqui no Blog pra vocês, quero deixar um trecho do meu próximo Romance, que será lançado em breve, e mostrar um pouco do que gosto de escrever entre romances e eróticos, espero que gostem.

       
Hoje é o grande dia. Chegou minha hora finalmente. Estou parada à frente da Catedral onde será meu casamento, a imensa porta de madeira rústica encontra-se fechada e os convidados estão no aguardo da chegada da noiva.
Observo o movimento do lado de fora da limusine, Glenda a cerimonialista, grita ordens e agita as mãos pedindo que todos fiquem a postos, avisando que a noiva já está pronta pra sua entrada. Meu pai está impecável em seu terno preto e gravata prateada que combina com a de todos os padrinhos. Ele passa a mão por seus cabelos grisalhos em sinal de nervosismo.
Eu quem deveria estar uma pilha, mais por incrível que possa parecer até pra mim essa tranquilidade era estranha, esperava tanto por esse dia, ele foi planejado por um ano, dos cinco em que Blake e eu estamos juntos, sonhei com meu casamento, esses últimos seis meses, foi um caos organizar tudo em tão pouco tempo, mas graças a minha melhor amiga Grace, consegui não surtar com todos os preparativos.
E aqui estou pronta para dar o passo mais importante da minha vida, meu noivo esteve bastante nervoso e disperso na última semana, acho que os preparativos também o deixaram cansado, passamos as últimas 24 horas de solteiros separados, cada um em um hotel, eu com as madrinhas e ele com os padrinhos, só nos veremos quando eu entrar e caminhar até ele, para ser sua esposa.
Inalo uma boa quantidade de ar para os pulmões, a saudade e ansiedade querendo me consumir. Vejo Glenda vir até a porta da limusine e abrir.
            — Emily, sua vez. Você está linda querida me dá um sorriso acolhedor e retribuo.
Obrigada Glenda, por tudo. digo já com os olhos marejados.
Nada de choro, este é o meu trabalho, e vamos logo, uma noiva atrasada é aceitável, agora muito atrasada é um trabalho incompetente.estende a mão para que eu saia e não consigo não rir do seu comentário.
Caminho até a porta da igreja, meu pai vem até mim, ele está emocionado e me olha de cima a baixo, depois beija minha testa.
Filha você está lindíssima.
Obrigada, pai. tento controlar as lágrimas mais sem sucesso desta vez.
Não chore minha princesa, vai estragar a maquiagem. — pisca pra mim e então se posiciona ao meu lado, para aguardamos a nossa vez de entrar. Glenda fala alto, e puxa o microfone com tanta força que quase arranca sua roupa, mas o que me chama atenção é seu semblante e sinto um calafrio, será que aconteceu alguma coisa?
Como assim ainda não chegou? — a ouço dizer
Ligue pra ele, seu carro já saiu do hotel há muito tempo. — me desvencilho do meu pai e vou até ela, parada tentando disfarçar seu desconforto na lateral da igreja.
O que aconteceu? Algum padrinho se atrasou? O carro de quem não chegou ainda? falo tão rápido e sinto um nó em minha garganta, meu pai já está ao meu lado pedindo calma. Fala de uma vez Glenda, o que está acontecendo? a encaro esperando por algum mal entendido.
É que… Deus está quente aqui. a filha da mãe quer me enrolar é isso?
Fala de uma vez, ou eu não respondo por mim. dou um passo em sua direção e ela recua, meu pai segura meu braço.
Emily, filha, calma, deixe a moça falar. pede em um tom mais contido.
Vou falar. É que... ela faz uma pausa irritante, estou a ponto de voar no pescoço dessa mulher. O Blake não chegou ainda e não estamos conseguindo contato com ele ou com Josh, que está no carro com ele.
Minhas pernas perdem a força, começo a suar frio e sinto que vou desmaiar a qualquer momento, meu pai me segura, passa a mão em meu braço numa tentativa de me acalmar.
Filha calma, deve ter acontecido algo. meu sexto sentido me diz que algo muito mais que grave esta acontecendo, ele não sumiria desta maneira sem aviso. Começo a ficar apavorada.
Só pode ter acontecido algo grave, o Blake não sumiria assim papai, será que sofreram algum acidente? agarro os braços de papai, vendo meu desespero, ele grita com a cerimonialista e de repente estou sentada em uma cadeira, na porta da igreja, com todos os convidados aguardando lá dentro e eu a espera de notícias do meu noivo sumido.
É neste momento que avistamos a limusine que ele está, levanto com pressa e corro até ele, mas quem sai do carro é Josh, seu semblante está sério, está sem o paletó e com os olhos vermelhos, parece ter chorado.
Paro à sua frente e o encaro, mas ele não consegue sustentar o olhar e o abaixa vindo em minha direção. Meu coração para uma batida, não consigo me mexer. Espero até que chegue a mim. Ele tem uma explicação para estar ali sozinho, sem meu noivo. Josh para na minha frente e então levanta o olhar, ele não consegue me olhar nos olhos.
O que aconteceu? Cadê o Blake? Josh onde está o meu noivo? Vocês já deveriam estar lá dentro. eu desato a falar e ele espera pela enxurrada de perguntas sem emitir um som, mas quando o faz...
Emy, ele não virá. — suspira, suas mãos estão dentro dos bolsos e sua agitação e perceptível. — Eu juro que tentei de tudo, mas ele foi irredutível, eu sinto muito.
Como assim não virá? Você está louco?! É o nosso casamento!! Ele jamais faria isso comigo, vocês estão me pregando uma peça é isso? Onde ele está Josh? eu não consigo mais conter as lágrimas.
Ele não vem, e pediu pra te entregar isso. — diz ele estendendo um envelope branco com meu nome na frente. Eu o pego. As lágrimas banham o meu rosto e já não consigo mais ficar em pé, sento-me na escada da igreja, no envelope há uma carta, eu reconheceria aquela letra em qualquer lugar, é dele.

Emy,

Me perdoe, não posso fazer isso, eu não consigo. Sei que é o seu sonho, e neste momento me sinto a pior pessoa deste mundo, mas não posso dar este passo, não é o que desejo, e sei que deveria ter te dito antes não ter esperado este momento, eu tentei com todas as minhas forças chegar até aí, mas eu não consigo.
Espero que um dia me perdoe!
Blake


          Eu só poderia estar em um sonho ruim, eu precisava que alguém me beliscasse. Isso não podia estar acontecendo, o homem com quem eu sonhei passar o resto da minha vida, não me deixaria aqui sozinha, com todos os nossos amigos e parentes aguardando dentro daquela igreja.
        Eu olho meu pai e Glenda e não consigo acreditar nas palavras escritas nesta carta, ele não pode fazer isso comigo.
        — Deve ser alguma brincadeira do Blake, só pode ser isso. — levanto de onde estou segurando o braço do meu pai que chora bem mais contido, para que eu não possa ver. Eu ainda esperava que fosse uma brincadeira muito sem graça, e por isso resolvo entrar e ver com meus próprios olhos, meu noivo me aguardando no altar.
      — Vamos entrar logo Glenda, abram essa porta, meu noivo está me aguardando no altar. — caminho até a porta da igreja pronta para entrar de qualquer jeito, meu pai tenta me impedir.
      — Filha, ele não está lá. Entre no carro e vá para casa, eu resolvo tudo aqui. — ele olha pra Glenda pedindo auxílio, mas ela está mais estupefata e branca do que eu. 
   — Sim. Hum… venha comigo, entre no carro o motorista a levará embora, nós resolvemos tudo aqui.
    — Vocês não entenderam meu noivo está esperando dentro daquela igreja, meus amigos aguardam nosso casamento, e eu vou entrar. — corro segurando a barra do vestido e quando chego empurro a porta com tanta força, que o tombo é inevitável, neste momento a ficha cai, olho para todos, o burburinho cessa, os olhares de pena me atingem em cheio, olho para o altar e ele não estava lá, minha mãe chora nós braços do meu irmão, a mãe de Blake está amparada por seu pai, e Grace minha melhor amiga vem até mim e se ajoelha para me abraçar, tentando me levantar, todos eles já sabem.
    — Nãoooooooo! — o desespero toma conta de mim, realmente ele tinha feito a pior das traições, me abandonar no dia do nosso casamento, me deixar aqui para virar chacota de todos os nossos amigos e parentes, ele foi embora deixando apenas uma carta. Grace segura meu rosto, e olhando dentro daquelas íris verdes, consegue enxergar a minha dor.
   — Eu sinto muito Emy. — ela me abraça mais uma vez e eu sinto suas lágrimas.
   — Eu quero morrer. — tento levantar para correr o mais longe que posso daquela igreja, pra longe dos olhares de pena, mas só consigo dar dois passos e caio novamente, tudo fica escuro.

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