E... Vencemos! Cicatrizes na Alma

E... Vencemos! 💛

Eu, como organizadora e editora me sinto realizada com este projeto, que tem sido nada menos do que incrível. Não apenas profissionalmente, mas pessoalmente porque cada texto obtido nesta antologia é único. Além de nos fazer pensar, e muito, sobre a maneira com que agimos, tanto com nossos pensamentos quanto com nossas ações, sobre o que cada um de nós pode fazer, pode ser. Que podemos sim fazer a diferença na vida de um suicida.
A depressão é minha velha amiga, embora poucos saibam disso, até porque eu sou uma das pessoas mais sorridentes que eu conheço. Por vezes, ela é silenciosa que nos corrói por dentro e eu não gosto da companhia dela, mas a tenho comigo. Não posso expulsá-la, mas aprendi a conviver com ela, e ela comigo. Não adianta apenas postar campanha na internet, o suicídio cresce mais e mais a cada dia.

Antigamente nós escondíamos nossos diários e todos queriam ler. Hoje, postagens sobre nossas vidas são feitas a toda hora, e ninguém mais quer saber.

Experimente pensar quantas vezes você já pensou que não ganharia mais alguma batalha consigo mesmo? Afinal, cada pensamento deste tipo é um tipo de batalha, ou não? Cada inspiração é uma guerra e vivemos em constante briga com nós mesmos.
Por isso e para isso Cicatrizes na alma foi criado, para que cada um de nós saiba em nosso ser que não estamos sozinhos, que tem tantas pessoas iguais por aí. Assim como existem grupos de apoio, pessoas que podem te ajudar e se pré-dispõem a isso quando os nossos simplesmente não sabem como agir. Por que é assim que geralmente acontece, não é que a sua família e amigos próximos não liguem para você, ou não te amem, eles simplesmente não sabem agir quando a questão do suicídio bate à porta.
Muitas vezes, somos até grosseiros, afinal não conseguimos entender como funciona uma pessoa "que tem tudo" querer se matar, o que a maioria não entende é que não temos tudo, não para a gente. Não somos felizes ou realizados. Estamos doentes, nossa alma está doente.

Experimente agora fechar os olhos por alguns momentos e pensar nos motivos que te fazem sorrir, ou naquilo que você tem a agradecer. Experimente lembrar do que te faz bem. Pense em como é estar vivo, sentir seus pés na areia da praia, ou na sensação de uma onda chegando aos seus dedos.
Por vezes, a depressão nos desvia do nosso caminho, e precisamos nos lembrar em como é olhar na direção certa. Queremos sempre mais sem pensar ou até mesmo nos dar conta daquilo que já conseguimos. E só quando paramos de nos comparar com os outros e olhamos pra nós mesmos é que começamos a perceber como já somos felizes.
A sensação de verdadeiro bem-estar tem que vir de dentro para fora mesmo que isso nos soe difícil, ou até mesmo impossível em pelo menos 99% das vezes. A vontade de viver vem aos poucos, mas ela precisa ser regada em base diária. Por isso, quando você está feliz, você saboreia e dança. E quando está triste, entende o significado de cada frase porque passa a prestar mais atenção no que é dito nas letras. A felicidade nos cega. Acho que por isso dizem que o amor é cego e burro.

Você precisa tentar sentir contentamento e gratidão por tudo que tem, por aquilo que você alcançou. E precisa se esforçar, levantar a cada dia dizendo a si mesmo que aquele será melhor do que o dia anterior, precisa começar a pensar e perceber aos poucos que há sim coisas maravilhosas em sua vida, e principalmente, lembrar que você nunca está sozinho, mesmo que a sua mente lhe diga o tempo inteiro que sim.
A depressão te faz prisioneiro, e o pior disso é lembrar que o seu carcereiro é você mesmo. Viver trancado em sua própria mente é muito mais doloroso do que muitas doenças.
Todos reclamamos da violência, dos preços, da corrupção, da saúde, do companheiro… A lista é enorme e temos muitas coisas a falar mal. Já parou para escrever e contabilizar a quantidade de queixas que você faz diariamente? Se o fizer vai se assustar com ela, garanto que sua lista de reclamações será enorme. Todos somos assim, todos temos nossas dores, aquelas que não contamos a ninguém e por vezes chamamos as pessoas de frias quando elas estão sofrendo.

E você, amigo...
Não basta que ajudemos apenas em setembro, não adianta postar em suas redes sociais que está aberto aos seus amigos para diálogo e quando um amigo precisa, você fecha aquela porta.Afinal, as pessoas não se suicidam apenas em setembro. Temos outros 335 dias no ano para ajudar, para estender as nossas mãos. Tempos difíceis sempre revelam aqueles que devemos levar conosco para sempre.
Ajudem. Estendam as mãos. Sejamos solidários o ano todo.

Não adianta vestir a camisa amarela de prevenção apenas em setembro. Você, eu, e cada um de nós pode sim fazer a diferença na vida de alguém, podemos sim salvar uma vida. Seja esta diferença que você quer ver no outro.

Obrigada a cada voto recebido e contabilizado. 
Obrigada a Organização do prêmio.

Há 18 meses atrás, lançamos nossos ebooks. Há 6, nosso físico.
Hoje, morro de orgulho em gritar: Ganhamos! Todo nosso esforço valeu e vale demais a pena. 

💛





Na foto: 
Rafael Danesin, Rodrigo Fonsceca, Rodrigo Ortiz Vinholo, Meg Mendes, 
Vanessa Nunes, Clara Magalhães, Daya Alves.
No evento, também encontrava-se a Autora Renata Magessi, porém, no momento da foto, ela dava uma entrevista. 

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